Introdução

    Já se passava da meia noite, quando um homem com um velho capuz adentrava o pequeno vilarejo de Huyr. Parecia ser muito alto e forte, ele trazia consigo, uma espada em sua cintura, sua mão direita permanecia sobre o cabo e a esquerda na bainha. Claramente estava em posição de ataque, mas atacar quem?
   O vilarejo de Huyr era conhecido por duas coisas, a primeira era sua deliciosa cerveja, que era consumida em todo Reino de Magdyr, e a segunda era a calmaria que caía sobre suas ruas após o sol se pôr, exceto é claro, nas noites de festa da cerveja que aconteciam a cada quatro luas cheias.
   O homem mantinha sua cabeça sempre reta, uma postura perfeita para alguém com tais vestes. Seus olhos negros patrulhavam todo seu campo de visão procurando por algo. Ele baixa a guarda ao chegar numa praça que mais à frente possuía uma pequena igreja, pequena sim, mas muito bela com seus vitrais com desenhos de anjos guerreiros, lutando pela paz, com certeza devia ser o centro do vilarejo.
   Em um banco em frente à igreja, havia um velho com vestes marrons e detalhes amarelos, olhando calmamente o pico mais alto da igreja, onde havia um sino. O homem vai em direção ao velho, seu corpo aparenta estar mais relaxado, ele pergunta:
   - Posso me sentar?
   O velho com um sorriso simpático, responde:
   - É claro, mas tire esse velho capuz, ele não ficava bem em mim e pelo jeito também não fica bem em você!
   Ao tirar o capuz, a aparência desse viajante poderia ser descrita como um cara careca com uma barba ruiva e o principal, uma face assustadoramente simpática que lembrava a do velho que estava na sua frente.
   - Então é aqui que o senhor estava vovô?!
   - Sim.
   - Mas porque nesse vilarejo?
   - Essa foi a cidade em que eu conheci sua avó. Podemos dizer que é um lugar importante para mim!
   - Estou há alguns dias atrás do senhor.
   - Eu já imaginava isso, e também sei o motivo para estar aqui John, mas peço mais alguns minutos, tudo bem para você?
   - Claro vovô, o tempo que precisar, quer ficar a sós para se despedir?
   - Não, já fiz isso antes de você chegar, só queria te mostrar uma coisa. Tá vendo aquele sino lá no alto da torre? Lá foi onde vi sua avó pela primeira vez e também foi de lá que disse ao vilarejo todo que eu a amava. Isso me deu muita sorte. Se um dia encontrar uma bela jovem de quem goste, tente fazer o mesmo.
    - Vou tentar vovô, eu prometo! Está pronto?
    - Sim!
   Então John se levantou, ficou diante de seu avô. Sua aparência agora estava séria, diferente de segundos atrás. Então com um saque rápido e poderoso de uma lâmina negra, ele partiu a alma do simpático velho ao meio. As últimas palavras do seu avô foram:
   “Seja um bom caçador de almas.” E sua alma desapareceu em um último sorriso.
    John se vira, recoloca o capuz e começa a fazer seu caminho de volta, onde parecia ter um homem lhe esperando. Ele era tão alto quanto John, mas muito magro, com um cabelo bem preto, todo arrumado e um bigodinho particularmente ridículo. Ele trajava um terno preto de um tecido que parecia ser muito caro, e em suas mãos tinha um caderno e uma pena, ele era o total oposto de John.
   - E então, meu senhor, como foi? - disse o homem.
   - Ah Lans, foi particularmente difícil, já que foi ele que me ensinou tudo. Sabe... ele era a pessoa da minha família de que eu mais gostava.
   Lans fechando o livro, e o guardando junto com a pena em uma mochila que estava aos seus pés, disse:
   - Isso foi bom ao senhor. Te fará mais forte.
   - Sim, concordo. Por falar nisso, você anotou tudo?
   - Sim, meu senhor, com todos os detalhes.
   - Lans, você não me descreveu como um cara carinhoso e simpático parecendo um boneco de pelúcia novamente né?!
   - Eeer… bem senhor, temos que voltar logo. Hoje ainda temos o jantar para apresentar sua irmã à sociedade de Magdyr e já estamos atrasados.
   - Bem, vamos indo então, mas depois vou gostar de dar uma olhada nesse livro.
   E assim partiram os dois, caminhando pela estrada.